
Bambam, querido filho!
Um dos motivos que me instigaram a escrever esta carta foi a necessidade de suavizar os efeitos da sua ausência. Afinal de contas, já se passaram dez anos (30.07.2006) que você partiu para a eternidade.
No decorrer dessa narrativa, é possível que o impulso da emoção me leve a derramar algumas lágrimas. A depender do meu propósito, porém, hei de cumprir esta missão, do começo ao fim, com aquela alegria que caracterizou o seu convívio entre nós.
Olhe, Bambam, depois da sua partida, tantas coisas aconteceram por aqui, que eu gostaria de compartilhar um pouco com você. Somente as coisas boas – claro!
Por exemplo:
Os seus amigos, seus incontáveis amigos, quanto mais o tempo passa, mais eles te amam verdadeiramente – dou o meu testemunho… Nunca vi algo tão impressionante! Não raro estou encontrando alguns, a me emocionarem com reminiscências, indeléveis lembranças do seu lado espirituoso – sua marca registrada! Pena que eu não possa citá-los nominalmente, eis que o espaço seria pequeno, em razão do elevado número de amigos que você conquistou; nenhum deles mereceria ficar de fora e, na hipótese das citações, a falha do esquecimento seria inevitável.
A nossa granja, que tinha o nome de “Chácara São Luiz”, mudamos a sua denominação para Chácara Bambam, uma singela homenagem a você!
Sua irmã mais nova, a Bethânia, embora já formada em Contabilidade, foi aprovada em outro vestibular e está concluindo o curso de Odontologia. Ela, agora, só pensa em ser dentista! Adora o que faz e tudo indica que será uma ótima profissional! O marido dela, o Aldo, foi eleito vice-prefeito de Igaracy, uma cidade do alto sertão, onde ele nasceu.
A Nena, aquela outra irmã que você tinha ciúme dela nas festas, após quatorze anos dedicados ao SENAC, voltou a morar conosco. Ela pediu demissão e, apesar de ser uma ótima psicóloga, assumiu como prioridade cuidar da mãe e do pai de vocês.
O Léo continua no ramo de comprar e vender carros. Está bem, graças a Deus! Inclusive, eu resolvi lotear uma parte da Chácara Bambam, e é ele quem está administrando esse processo, pois, entre ele e eu, o comerciante sempre foi ele – você é testemunha. A Wilma também é uma excelente comerciante no ramo de confecções. Ela é uma pessoa muito equilibrada em todos os sentidos… E é sua fã!
Sabe, Bambam, aqueles seus sobrinhos, João Lucas, filho de Bethânia e Aldo, e Maria Eduarda e Leozinho, filhos de Léo e Wilma! Ah, não te conto!… São três joias, inteligentes, estudiosos e educados -, viu?
Sim, Bambam, por falar em Leozinho, ele, além de já estar cursando a Faculdade de Direito e ter sido aprovado em concurso público, está tocando uma sanfona que dá gosto!
Outra novidade, Bambam, que eu não poderia deixar de lhe comunicar nesta carta, é que um grupo de amigos aqui da região, juntamo-nos e criamos um bloco carnavalesco, denominado “Vamos que Vale”. O primeiro desfile foi realizado (com sucesso) no último carnaval, com direito a Rei Momo, Zé Pereira, orquestra de frevo e tudo mais. E eu não poderia deixar de lhe comunicar essa novidade, pois a alegria do nosso carnaval, também, lembra muito você!
Agora vou falar de sua mãe. Bem, essa aí, como você bem diria, “não tem parelha não”. Apesar dos pesares, das intempéries a que estamos expostos do lado de cá, tudo ela tira de letra. Nunca perde a oportunidade de desprender uma daquelas agudas e inconfundíveis gargalhadas… O que faz muito bem a todos nós. Ela é o nosso porto seguro. Ninguém quer perdê-la de vista. E, embora ela seja daquelas que sofrem caladas, o seu amor por você não tem limite! Afinal de contas e a seguinte frase você costumava dizer: “mãe é mãe”!
Quanto a mim, continuo como antes. Aposentado, todo dia cumpro uma agenda doméstica, às vezes alguma coisa produtiva, e assim vou indo – ainda.
Vez por outra, escrevo algo sobre qualquer coisa, seja na forma de crônica ou mesmo em versos. Os amigos ficam me cobrando a publicação, em livro, dessas “mal traçadas linhas” e eu ainda não havia levado em conta esse incentivo. No entanto, lembrei que, nesse particular, você foi o meu maior incentivador; você era o meu especial admirador, em tudo que eu fazia. Em qualquer evento onde eu tivesse participação, no final, você chegava ao meu ouvido e dizia: “Painho, o senhor arrasou!” Ou, então, assim: “Tô lhe chaleirando não, viu painho, mas hoje o senhor foi o melhor!”. Era mesmo assim: Pra você, eu sempre fui o melhor… O “motivo” de seu orgulho.
Sei que, ao lançar um livro, se você aqui estivesse, iria me encher de aplausos e de incontida emoção, porque era assim que você agia quando eu aparecia. Foram essas lembranças, Bambam, que, de fato, me incentivaram a juntar num canto só as minhas mal traçadas linhas. Então, em sua homenagem, vou escrever o meu livro, sim. Aproveito esta oportunidade para antecipar, entre feliz e emocionado, que tal livro será dedicado a você. Muito obrigado, meu filho, pelo incentivo! Fique com Deus.
Por Sebastião Gerbase (Basinho)