
Rara emoção, ontem eu vivi, por ocasião da inauguração da Escola Técnica Estadual do Vale do Mamanguape. Enquanto aquela multidão se aglomerava, para saudar e agradecer às autoridades presentes pela realização daquela monumental obra de pedra e cal, eu levitava de emoção ao ver meu grande sonho ser realizado.
Um sonho que alimentei por toda minha vida, desde a adolescência, quando tive que me despedir compulsoriamente da região, migrando para outras plagas, à procura dos meios de sobrevivência que aqui me eram negados, ante a falta de condições para permanecer no meu torrão. E quantos não são os que assim procederam, pelo mesmo motivo!
Voltei ao tempo em que trabalhei de ajudante sapateiro, na oficina do saudoso Irineu Pinto, e ajudante marceneiro, na fábrica de móveis da família Menezes, capitaneada pelo velho e saudoso mestre Ivan Pinto de Menezes.
Também eclodiu em mim, naquele momento ímpar, outra saudosa lembrança, do tempo em que eu confeccionava sacolas, artesanalmente, e por iniciativa própria, utilizando o aproveitamento de sacos de cimento vazios, colados com “grude” feito da goma de mandioca que eu comprava na feira livre de Mamanguape, nos dias de domingo. Os sacos vazios eu os adquiria, gratuitamente, catando entre as poucas obras em andamento.
E era exatamente na feira livre que eu saía vendendo aquelas sacolas, as quais eram utilizadas pelos feirantes no acondicionamento do arroz, do feijão, do milho, da farinha, etc… O produto dessa atividade era o que me garantia a compra dos livros e cadernos, que eram exigidos pelas professoras, no Grupo Escolar Professor Luiz Aprígio.
E foram tantas as atividades que pratiquei na minha adolescência, na tentativa inglória de me firmar aqui. Mas, a falta de uma política voltada para a sustentabilidade, para o futuro da região, nunca havia sido, efetivamente, levada a sério, como agora se vislumbra, diga-se de passagem. Naquela época, a principal oportunidade que se tinha era trabalhar no corte da cana, na usina Monte Alegre, à época pertencente aos irmãos Fernandes. E só, ou então fazer bico para sobreviver. A exceção encontrava-se em Rio Tinto, na fábrica de tecidos de propriedade da família Lundgren.
Nunca pensei diferente: É humanamente impossível o desenvolvimento desse país sem o incremento da educação. E a criação de Escolas Técnicas, não me permite duvidar dos resultados positivos, que a recém-inaugurada trará para o futuro da atual e das outras gerações que nascerão no Vale do Mamanguape, através da sua nova maternidade.
Por Sebastião Gerbase (Basinho)