Ignorar a importância desse viaduto que corta a cidade de Mamanguape em duas porções, só por causa do perigo e do mal estar que nos causa circular naquele local, não é compreensível. Naquela construção veio inserida a possibilidade do progresso regional, o que eu só vim a perceber após a conclusão.
Infelizmente, em matéria de descaso com a coisa pública, Mamanguape é uma cidade ímpar. (Só uma amostra: Fechamento de hospital e maternidade; praças abandonadas; descaso com o matadouro; urubus se banqueteando no meio da feira; ruas esburacadas e às escuras; (i) mobilidade urbana). Ao que me parece (superstição à parte) existe algo sobrenatural, extraterrestre, travando tudo que possa significar desenvolvimento para tão sofrido pedaço de chão.
Por exemplo, o que acontece naquele viaduto, praticamente todos os dias, não é apenas uma besteirinha de batida de moto, sem vítima fatal, vez por outra. O que acontece ali é um verdadeiro terrorismo psicológico. Eu mesmo, que só passo ali cautelosamente e com medo, já fui vítima daquele descaso.
Envolvi-me numa colisão, onde o outro motorista estava coberto de razão, e eu sem culpa. Pois a sinalização de uma via é o que faz alertar os seus usuários contra iminente perigo. A preferencial era a outra via, e não a transversal, que era a minha. Como não há naquele local a devida sinalização, “causei” prejuízo a outrem, involuntariamente. No confronto legal, alguém perderia a causa, menos eu. Preferi minorar o conflito, assumindo a “culpa” e os prejuízos de ambos. Reclamar a quem?…
Mas a nossa ignorância é tanta, que ficamos de olhar perdido sob o universo, à procura de culpados pelo o nosso secular atraso, e só os encontramos nos políticos. Como se não tivéssemos nenhuma culpa por tê-los colocado ali; Como se eles fossem os únicos culpados, enquanto os “coitadinhos de nós”, apenas inconformadas vítimas. Ah, não! Os verdadeiros culpados somos todos nós… Eles também.
Assistimos boquiabertos, caladinhos, uma briga ferrenha entre duas “feras” poderosas, que, nós mesmos criamos e lhes outorgamos o poder, através do voto. A sabedoria popular diria: “criar cobra para lhe morder”! Mas, neste caso, criamos feras para se morderem.
E quem são essas feras? Ah, nada mais nada menos que, o governador do nosso estado e o prefeito da nossa cidade. À população, pouco importa a causa do confronto entre os dois. Eu, particularmente, acho essa briga uma baita de uma falta de ética política, e um desrespeito incomensurável à população.
A cidade já foi dividida em Leste e Oeste.
Do lado Oeste ficou a Mamanguape do governador, onde foi edificada uma obra, que, pela abrangência nas áreas de educação, saúde e moradia, e agora com a conclusão da principal via de acesso, tende (ainda bem!) a beneficiar a Mamanguape do lado Leste, uma vez que os resultados refletirão até mesmo noutros municípios do Vale.
Enquanto isso, a Mamanguape do prefeito, a do lado Leste, continua precisando, cada vez mais, de uma chamada do feito à ordem, antes que essa guerra insana venha substituir aquele viaduto por um muro, tal qual o muro de Berlim, onde só quem teria direito ao acesso bilateral seriam os urubus.
Por Sebastião Gerbase (Basinho)