A dor de cabeça é um problema constante na vida dos brasileiros, e atinge cerca 72% da população, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC). Os problemas familiares, profissionais e financeiros contribuem para o aumento do estresse, que pode causar a cefaleia. E justamente por ser um problema tão comum, as pessoas acreditam que podem se automedicar. É o que consta em uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Neurologia (ABN), que mostrou que 81% das pessoas entrevistadas afirmaram que tomam medicamentos sem a orientação de um profissional. Nesta sexta-feira (19), comemora-se o Dia Nacional de Combate à Cefaleia.
O problema da automedicação se estende entre a própria população. As respostas mostram que 58% das pessoas que sofrem de cefaleia indicam analgésicos para os outros, e 50% aceitam as indicações de não profissionais. Apenas 61% dos entrevistados afirmaram que procuraram auxílio médico para a dor de cabeça.
A pesquisa apontou ainda que das 2.318 pessoas quem responderam a questionário estruturado, on-line, 97%, afirmaram que tiveram dor de cabeça no último ano. Dentre este percentual, foi maciça a participação do sexo feminino na pesquisa – 88% contra 12% de homens –, o que confirma o predomínio da doença entre as mulheres.
Do total de participantes da pesquisa, o diagnóstico de cefaleia que prevaleceu foi o da enxaqueca – 87% ou 1912 pessoas, das quais 946 sofrem de cefaleia episódica, com menos de 15 dias de ocorrência por mês, e 966 têm o tipo crônico.
A cefaleia é um mal que está diretamente associado aos hábitos dos indivíduos. Em outra pesquisa realizada pela SBC, foi constatado que pessoas que praticam atividades físicas regularmente têm duas vezes menos chances de desenvolver dor de cabeça crônica. Ainda, o estudo revelou que os moradores do Sudeste sofrem mais com as dores do que todos os outros brasileiros, representando 20 do número total de pessoas que sofrem do problema, seguido dos sulistas que representam 16,4%. Nós, nordestinos, aparecemos na terceira posição com 13% do total de brasileiros que sofrem de cefaleia.
Enxaqueca, cefaléia ou dor de cabeça?
Muitas pessoas acabam confundindo os nomes das doenças relacionadas às dores na cabeça, e essa falta de conhecimento também pode prejudicar o diagnóstico do paciente. A cefaleia é o nome geral, relacionado a todos os problemas de dores de cabeça, que podem ser:
– Enxaqueca ou Migrânea: Enxaqueca é uma doença neurovascular que se caracteriza por crises repetidas de dor de cabeça que podem ocorrer com uma frequência bastante variável: enquanto alguns pacientes apresentam poucas crises durante toda a vida, outros relatam diversos episódios a cada mês.
– Cefaleia Tensional: Possui elevada prevalência, mas por não ser tão intensa faz com que seus sofredores, mesmo na forma crônica, não procurem assistência médica. O diagnóstico é clínico e geralmente não requer exames complementares. O exame neurológico é normal. A palpação dos músculos pericranianos deve ser feita rotineiramente. É fundamental obter história clínica detalhada das características da cefaleia, seu tipo, intensidade, localização, duração, periodicidade e etc.
– Cefaleia em Salvas: A cefaleia em salvas é caracterizada por dor intensa, unilateral, geralmente em torno da órbita, durando de 15 a 180 minutos, se não tratada. Podem ser acompanhada de vermelhidão no olho, lacrimejamento, congestão nasal e queda da pálpebra do mesmo lado da dor. O paciente refere sensação de inquietude ou agitação durante a crise. As crises têm uma frequência de uma a cada dois dias até oito por dia. É caracterizada pela ritmicidade e por ser frequentemente noturna, acordando o paciente no meio da noite.
Por Luís Eduardo Andrade, do Correio Online