A Polícia Federal concluiu que houve falhas na construção e na segurança da barragem de Fundão e que a mineradora Samarco sabia dos riscos de um acidente. O rompimento da barragem, em 2015, matou 19 pessoas.
Para a Polícia Federal, os e-mails e conversas do sistema de comunicação da Samarco mostram que os diretores cogitaram mudar a vila de Bento Rodrigues, que foi destruída pela lama, por causa do risco do rompimento.
Três anos antes da tragédia, o então diretor de Operações, Kléber Terra, alertou que, no caso de uma ruptura, o fluído viraria uma pasta e alcançaria a comunidade.
Em 2014, Kléber informou o presidente da Samarco, na época Ricardo Vescovi, do surgimento de trincas na barragem de Fundão. O presidente pediu atenção e mais informações.
De acordo com o inquérito, a Samarco aumentou a produção na barragem, mesmo sabendo que ela sempre apresentou problemas. A Polícia Federal apontou falhas que vão da construção até o rompimento. A barragem foi construída com materiais diferentes do projeto original.
“Por exemplo, para as galerias de drenagem, onde estava previsto brita e rocha, usar restos de minério fino e estéril. Essa galeria, depois, acabou cedendo. Teve de ser tamponada”, afirma o delegado Roger Lima de Moura.
A polícia também diz que houve falhas na segurança. Em 18 de novembro, o diretor de Operações, Kléber Terra, informou para o gerente-geral de Projetos, Germano Lopes, que o equipamento que monitora a estabilidade da barragem, chamado piezômetro, não estava funcionando no dia do rompimento em quatro pontos.
O supervisor de monitoramento das barragens da Samarco, Wanderson Silva, também falou sobre o equipamento com um funcionário identificado como Léo.
Wanderson: Você lembra de um equipamento, um piezômetro, que tá mais afastado? Léo: A gente colocou um instrumento lá, Wanderson, porque, não sei se você lembra, quando começou as observações do dreno, a gente estava suspeitando daquele piezômetro 7 que estava com índice um pouco elevado. A gente estava duvidando da consistência dele.
Wanderson: Onde que está essas leituras? Nós não analisamos ele hora nenhuma, porque nem sabia que ele existia.
A Samarco repudiou o que chamou de alegação de conhecimento prévio de risco de ruptura na barragem de Fundão.
Do PBVale, com JN