Um bebê foi infectado com a febre chikungunya durante a gestação na Paraíba. Esse caso, investigado pela pesquisadora e médica Adriana Melo, confirma que a doença pode ser transmitida verticalmente, ou seja, da mãe para o feto ou recém-nascido.
“Esse é um caso importante porque mostra que o problema não é só com a microcefalia e com o vírus da zika. Foi comprovada uma possibilidade que já vinha sendo levantada pela nossa equipe”, comentou a pesquisadora da Paraíba.
De acordo com Adriana Melo, a mãe do bebê infectado teve chikungunya no fim da gestação. A criança nasceu aparentemente bem, mas com cinco dias de vida, começou a ter febre e crises convulsivas.
O bebê foi internado no Hospital da Criança, em Campina Grande, e em seguida transferido para o Hospital Escola da Fundação Assistencial da Paraíba (FAP), onde segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com um quadro de saúde estável.
Os médicos coletaram sangue tanto da mãe quanto do bebê e foi constatado que os dois tinham o vírus em grande quantidade, configurando dois casos de chikungunya aguda. O bebê está com cerca de 15 dias de vida.
Segundo a pesquisadora, o bebê tem um problema neurológico agudo, mas ainda está sendo acompanhado para saber qual é exatamente o problema e se ele vai ter sequelas no futuro. A mãe já está melhor, sentindo apenas sintomas leves da doença.
O Ministério da Saúde informou, por meio de nota à imprensa, que a infecção pela febre chikungunya em mulheres grávidas, especialmente no final da gravidez, pode ocorrer e ocasionar o nascimento de bebês com a infecção. “Vale ressaltar que o Ministério acompanha e incentiva os estudos sobre essa possível transmissão vertical”, diz a nota.
O Ministério da Saúde reforçou, ainda, as medidas de proteção às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti – como o uso de roupas longas, de repelentes e telas nas casas – e a importância da mobilização nacional contra o mosquito transmissor.
Pesquisa na Paraíba
Pesquisadora do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Melo,Adriana Melo foi a primeira pesquisadora a ligar os casos de microcefalia que atingem o Brasil ao vírus da zika. Ela desconfiou da relação entre o vírus e a síndrome em agosto de 2015.
Ela tomou a iniciativa de coletar o líquido amniótico de duas gestantes cujos bebês tinham sido diagnosticados com microcefalia por exames de ultrassom. As amostras levaram à descoberta de que o vírus era capaz de atravessar a placenta. As informações são do G1.