O inverno começou oficialmente no último dia 21 e junto com a época mais fria do ano vem a preocupação com doenças típicas da estação. Neste período, vários fatores deixam o organismo mais vulnerável a gripes, resfriados e outros problemas respiratórios.
De acordo com o infectologista Fernando Chagas, o risco de infecção por vírus aumenta porque as chuvas e friagem fazem com que as pessoas freqüentem lugares mais aglomerados, com portas e janelas fechadas, o que impede a circulação de ar e propicia o acúmulo de agentes nocivos.
O médico explica que o tipo de vírus mais comum nessa época do ano é o rinovírus, causador da maior parte dos resfriados. Para Fernando Chagas, a dica mais importante na prevenção da doença e combate ao contágio é manter a higiene das mãos, principalmente antes e depois de passar por locais públicos, como ônibus.
“Quem já está doente também deve reforçar esse cuidado para não transmitir o vírus para mais pessoas. Para a recuperação, a grande dica é manter-se sempre hidratado e lavar as narinas com soro fisiológico em temperatura ambiente”, aconselha o infectologista.
Além dos resfriados, também há chance de aumento nos casos de gripe, cujos sintomas são mais fortes. Esses casos são monitorados por um sistema online do Ministério da Saúde, o Influenza Web. Os dados mais recentes são do período entre 1º de janeiro a 13 de maio e contabilizam 87 casos suspeitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). São avaliados dessa forma pacientes que foram internados com febre acompanhada de tosse ou dor de garganta, além de pelo menos um dos seguintes sintomas: dor muscular, dor de cabeça, dor nas articulações e dificuldade para respirar. Mas há também a grande incidência de casos simples de resfriados.
A Secretaria de Estado da Saúde alerta que pacientes com suspeitas de Síndrome Respiratória Aguda Grave devem procurar qualquer hospital regional da Paraíba, pois os sintomas podem evoluir para uma pneumonia. Já os casos de resfriados são acompanhados pelas Unidades Básicas de Saúde.
Alimentação pode ajudar
Quando alguém é acometido por alguma dessas ‘doenças de inverno’, não faltam pessoas para dar dicas de receitas caseiras que prometem curar sintomas. Parte da população não costuma dar ouvidos à “sabedoria popular”, mas, segundo especialistas, alguns alimentos são sim fortes aliados contra gripes e resfriados. Porém, para alcançar tal benefício, é preciso inseri-los na dieta de um jeito correto.
De acordo com a nutricionista Joanna Carollo, as refeições fartas do inverno não propiciam somente o ganho de peso, mas também podem dificultar o combate a doenças. “Nessa época do ano, as pessoas estão mais propensas a cometer exageros na mesa, principalmente em relação à ingestão de açúcar, gorduras trans e carboidratos refinados. O problema não está somente no alto valor calórico dessas refeições, mas também na falta de nutrientes e na capacidade que muitos desses alimentos têm de aumentar a inflamação do organismo, dificultando a resposta imunológica”, explica.
A profissional ressalta que, devido à maior exposição a agentes causadores de doenças nessa época do ano, a alimentação deve suprir os elementos essenciais às células de defesa do organismo. “Alguns nutrientes são capazes de estimular o sistema imunológico, melhorando sua resposta. Eles são chamados de imunomodulares e seguir uma dieta rica deles deixa o organismo mais preparado para reagir diante de qualquer ameaça”, orienta.
– Vitamina A: Afastando infecções
Função: Ajuda a manter as mucosas (uma das primeiras barreiras que o corpo possui contra invasores) íntegras e facilita o trabalho das células de defesa. A carência dessa vitamina pode contribuir para infecções.
Onde encontrar: Em alimentos de coloração amarelo-alaranjada, como cenoura, mamão, manga, pêssego e caqui. O nutriente também está presente no alho, cravo da índia, espinafre e vegetais folhosos verde-escuros.
– Vitamina B6: Ampliando o contingente
Função: Aumenta o número de linfócitos, células que agem como “vigias” e são fundamentais para resposta imune, pois reconhecem agentes infecciosos e alertam todo o organismo, acionando reação adequada para o tipo de problema.
Onde encontrar: Bife de fígado, levedo de cerveja, arroz integral, gérmen de trigo. Peixes como o atum e o salmão também são boas alternativas, pois, além do nutriente, possuem Ômega 3, um ácido graxo famoso por seu poder antioxidante.
– Vitamina C: Aumentando a resistência a inflamações
Função: Auxilia na proliferação de glóbulos brancos, células que usam a corrente sanguínea para monitorar o corpo, procurando sinais de invasores. O aporte adequado desse nutriente aumenta a resistência a inflamações.
Onde encontrar: Frutas cítricas como kiwi, acerola, limão e laranja. Porém, existem fontes além das frutas, como couve, brócolis, agrião e pimentão.
– Selênio: Combo de proteção
Função: Ajuda a desintoxicar o organismo e possui potente ação imuno-moduladora, em especial de caráter anti-inflamatório e antiviral. O nutriente também protege contra a degradação celular provocada por radicais livres.
Onde encontrar: Castanha do Pará, sementes de girassol, cereais integrais e na tradicional combinação de arroz com feijão. Também está presente em frutos do mar, carne de porco e frango e na gema do ovo.
Mitos
Apesar de ressaltar a eficácia de alguns alimentos, Joanna Carollo destaca que algumas receitas ingeridas somente no período de infecções colaboram mais para o alívio dos sintomas do que para a recuperação do paciente. É o caso das combinações entre alho, mel e limão ou cravo e gengibre.
“Tais elementos são capazes de diminuir os desconfortos causados pela congestão nasal, dores no corpo e estados febris, por exemplo. Porém, não são tão eficazes na resposta imune quando o organismo já se encontra debilitado. Quando o indivíduo já está doente, o mais adequado é fazer uma alimentação que forneça, além dos nutrientes, energia para que o corpo possa reagir naturalmente. Nesse momento, a dieta pode servir como complemento ao tratamento, não como única via”, indica a nutricionista.
Joanna Carollo diz que o famoso suco de laranja é outra receita que não é exatamente milagrosa. “Embora muito famosa quando se trata de gripes e resfriados, a ingestão de vitamina C também deve ser preventiva e não curativa”, orienta.
Conforme a profissional, o ideal é apostar em preparos que facilitem a ingestão dos alimentos, uma vez que dores de garganta, redução do olfato e, até mesmo perda do apetite podem prejudicar as refeições. “Ficar sem se alimentar pode comprometer ainda mais o estado do indivíduo. E como muitos podem apresentar dificuldade para se alimentar nesse período, o recomendado é fazer refeições leves, porém, ricas em ingredientes saudáveis e de fácil digestão – daí a fama de chás, sopas e caldos”, conclui.
Do Portal Correio