“Ameaças, não, agora medo, eu tinha. Vamos dizer assim, de me matar”, contou o adolescente de 13 anos que diz ter sido vítima de abuso por parte de um padre na cidade de Dona Inês, no Agreste paraibano. Na quarta-feira (27), a Diocese de Guarabira divulgou uma nota informando que o sacerdote foi afastado das funções por ter sido denunciado por “atos em desacordo com a lei”. A Polícia Civil da região explica que o padre está sendo investigado pelo crime de estupro de vulnerável.
Segundo a família do adolescente, o abuso teria começado há mais de um ano, desde que o sacerdote foi transferido para a paróquia. A mãe contou que o filho teria recebido vários presentes do padre, incluindo celular, bicicleta, roupas, e até mesmo uma viagem para a cidade de Aparecida, em São Paulo. Neste momento, a família desconfiou da relação do padre com o menino, que era coroinha da igreja.
No celular do adolescente, havia várias mensagens do padre insistindo na continuidade da relação e o adolescente respondia que o fato era abuso, que era crime. A mãe da vítima explica que o filho tinha medo e por isso não denunciou antes. “Eu disse pra ele ‘por que você não me disse?’ e ele respondeu ‘porque eu tive medo de ele me abandonar e dar um surra, aí eu não disse à senhora, porque tive medo de sair’”, explicou a mãe.
No final de março, o Conselho Tutelar recebeu uma denúncia anônima do caso e no início de Abril o religioso foi afastado. Na nota divulgada pelo bispo diocesano de Guarabira, Francisco de Assis Dantas de Lucena, o afastamento acontece até o encerramento de todas as investigações.
Segundo o delegado que acompanha o caso, Ricardo Sena, a suposta vítima relatou ter sido abusado várias vezes pelo padre. O sacerdote nega as acusações e diz estar sendo vítima de uma ‘conspiração’ orquestrada por pessoas da paróquia que ele administra pois, segundo ele, não estariam satisfeitas com as mudanças realizadas. “A vítima já foi ouvida. Os familiares e o padre também. Agora estamos aguardando o laudo de agressão física”, detalhou Ricardo Sena.
Sobre esses presentes que o menino teria recebido do padre, ainda de acordo com o delegado, o sacerdote teria justificado que o adolescente se encontrava em vulnerabilidade social e queria fazer as doações como ações humanitárias.
A nota divulgada ressalta que “a Diocese de Guarabira não é responsável pelos atos particulares e isolados de seus membros, porém aqueles que infligirem os dispositivos das Leis Eclesiásticas e das Leis Brasileiras serão exemplarmente punidos”. As informações são do G1.