O dirigente canavieiro e presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Andrade Lima e o senador Efraim Filho (União Brasil-PB) foram os homenageados da primeira edição do Prêmio Canasplan – Destaques do Setor, realizado na quinta-feira (19), em João Pessoa. Promovido pela Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), o prêmio é um reconhecimento a personalidades que são importantes para o setor e que se destacam em sua área de atuação contribuindo para o desenvolvimento e fortalecimento da cultura canavieira. O Canasplan será anual.
A solenidade foi iniciada com a execução do hino nacional, seguida da apresentação de um vídeo institucional sobre a história de 67 anos de fundação da Asplan com foco nos serviços prestados ao produtor de cana paraibano. Em seguida, o presidente da Associação, José Inácio de Moras, fez uma saudação a todos os presentes, destacando a importância desta iniciativa de realizar o Canasplan. “Fazer agricultura no Nordeste nunca foi fácil, nem será fácil nunca. Tanta seca, tanta crise, tanta mudança em políticas, mas a gente faz isso há 500 anos e vamos continuar fazendo porque o cultivo da cana é uma tradição que passa de geração em geração e aqui no Nordeste não temos muita opção. Roda, roda, roda e a cana sempre se mantém de pé, resistindo, mesmo sem o regulamento do IAA e nós estamos aqui hoje, agradecendo a Deus, mas seguindo em frente e essa premiação reforça a força de nossa resistência”, disse ele.
Sobre o prêmio, ele reforçou que é uma forma de agradecer personalidades que se destacam com sua atuação no fortalecimento do setor. “Nós temos muito a agradecer ao senador Efraim que já esteve junto com a gente em variadas batalhas, foi o autor do projeto que incluiu os produtores no Renovabio quando era deputado, foi o relator do PL no senado e bateu o escanteio e chutou para o gol possibilitando que o produtor tenha sua remuneração justa. Sobre Alexandre, ele fez muito e continua fazendo pelo setor. É um abnegado, um apaixonado pelo que faz e quase um irresponsável. Há dez anos, ele pegou um dinheiro coma família, um valor significante, para reabrir uma usina, na Mata Norte de PE, em Timbaúba, e graças a Deus, a Cruangi hoje é um sucesso, assim como é as demais cooperativas que vieram depois dela. E nós temos muito o que agradecer a ele. Iniciamos essa premiação com dois grandes nomes”, disse ele, lembrando da importante participação do fornecedor de cana no Nordeste. “Aqui, toda usina sabe que a contribuição do produtor é imensa e vai continuar imensa. Em Goiás e Minas é outra realidade”, afirmou José Inácio.
O dirigente da Asplan lembrou ainda do atual momento vivido pela Paraíba que, segundo ele, é a bola da vez não apenas no Turismo. “A Paraíba hoje tem grande força no cenário nacional. Além dos três senadores com boa representatividade e um Efraim que é craque, é escutado e respeitado, daqui uns dias o deputado Hugo Mota, também paraibano, será presidente da Câmara Federal, os presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, também são paraibanos, o presidente do TCU idem, então temos que aproveitar esse momento, com essa força política para corrigir distorções, a exemplo da dificuldade para embarcar mercadorias via o porto de Cabedelo por causa de seu baixo calado, o que impede um grande navio de entrar em nosso porto, ver como facilitar o acesso do produtor ao crédito do BNB, entre outras demandas”, afirmou ele.
Palestra
Em seguida, o presidente da Datagro e um dos maiores especialistas do setor Sucroenergético, Dr. Plínio Nastari fez uma palestra sobre perspectivas do setor. Segundo ele, 23/24 foi um ano de condição diferenciada, com safra recorde, mas em 24/25, por conta de precipitação abaixo da média histórica, a partir de novembro de 23, trouxe uma condição agronômica diferente, seguida de um período seco, que provocou incêndios na região Centro/Sul. No Nordeste também com chuvas abaixo da média histórica, fazendo com que a segunda metade da safra ficasse aquém do que se esperaria, sendo compensado com rendimento industrial mais elevado.
“Em 24/25 tivemos no Cento/Sul, especialmente em Minas e Goiás, um fenômeno novo que é a síndrome da Murcha do Colmo, que diminuiu a qualidade da matéria-prima, provocando menor pureza da cana. Foi uma safra cheia de desafios, mas com preços mais elevados tanto de açúcar que atingiram níveis recordes, como de preço de etanol 20 a 25% maiores que os do ano passado”, disse ele, lembrando que nesses últimos dias perdemos a faixa de consolidação de preços no mercado de Nova Iorque, mas que estão próximos do que se verificou em agosto e começo de setembro deste ano. “Agora, o mercado é dominado pelas incertezas a respeito do que vai acontecer quando Trump assumir nos EUA em função da guerra comercial que ele pretende implementar, com correção de taxas de juros”, afirmou.
No Brasil, de acordo com Dr. Plínio, apesar das intempéries, a safra deve ser encerrada com uma moagem acima do que era esperado com cerca de 610 milhões de toneladas e uma produção de açúcar de cerca de 39 milhões de toneladas e uma produção recorde de etanol, que supera 33 milhões de litros. Neste final de safra, ele lembrou que houve uma decepção com o ATR e uma postergação de final de safra no Centro/Sul de 10 a 20 dias para frente, com algumas usinas encerrando apenas próximo do Natal.
Sobre exportação de açúcar, ele destacou que o país deve encerrar 24/25 com exportações acima de 35 milhões de toneladas, num crescimento robusto de 28,5% em comparação ao volume exportado no mesmo período do ano passado e com 60% de representatividade mundial de todos os tipos de açúcar, tendo como principais mercados a Indonésia, depois a China, Índia e Emirados Árabes. As vendas de açúcar no mercado doméstico também cresceram em relação a 2023, segundo Dr. Plínio, com o aumento de consumo.
Sobre o mercado de álcool, ele destacou a crescente produção de etanol de milho, com projetos se espalhando Brasil afora, como Bahia, Maranhão, Tocantins, Rio Grande do Sul e capacidade de produção passando para 9,71 bilhões de litros por ano, o equivalente a 27,4% da oferta total de etanol estimada pela DATAGRO para a safra 24/25, dos quais 4,6 bilhões de litros pertencem à Inpasa (ou 13,0% da oferta nacional). Mas, segundo ele, o ritmo de expansão não para por aí. Há outras 11 usinas em construção e 18 projetos adicionais. Assim, espera-se que a produção de etanol de milho atinja 17,95 bilhões de litros até 2033, usando 43 milhões de toneladas de milho.
Na exportação, ele lembrou que o etanol brasileiro está perdendo espaço no mercado internacional para o etanol americano que atinge recorde de produção e de exportação. A Coreia do Sul é o maior destino do etanol brasileiro, segundo ele, com 708 milhões de litro. Reino Unido, Índia, Colômbia e Holanda têm dado preferência ao etanol norte-americano. Sobre a moagem de Cana no Nordeste, segundo o especialista, ficará muito próxima da safra anterior, com 59,5 milhões de toneladas, mas com um rendimento industrial bem maior que ano passado, com maior produção de açúcar e etanol. Perguntado como ele vê o futuro para o setor no Nordeste, ele foi enfático. “Há boas perspectivas, inclusive, com a inclusão da produção de etanol de milho”.
Premiação
O primeiro homenageado da noite foi o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Andrade Lima. “Eu estou gratificado até sem palavras por esse reconhecimento tão importante de uma entidade como a Asplan, coirmã da associação de Pernambuco, por esse trabalho que a gente se esforça para fazer com o único objetivo de melhorar a vida do fornecedor de cana e a gente tem que se dedicar muito para isso, inclusive, se afastando da família, mas um reconhecimento como esse nos estimula ainda mais para seguir na luta. Estou feliz e lisonjeado. Nessa vida a gente tem que ter um apoio da família, da diretoria, dos colegas e esse troféu aqui eu divido com todos vocês. Isso aqui dá mais energia para a gente”, disse Alexandre visivelmente emocionado, até pela surpresa de ser um dos homenageados, fato que só foi anunciado durante a solenidade. O certificado e o troféu foram entregues, respectivamente, pelo vice-presidente da Asplan, Raimundo Nonato e o diretor da Associação, Oscar de Gouvêa, que na ocasião, destacaram a atuação do homenageado em prol do setor.
Em seguida, o senador Efraim Filho, foi chamado ao palco para receber o certificado do presidente da Asplan, José Inácio, e o troféu do presidente da União Nordestina de Produtores de Cana (Unida), Pedro Campos Neto. “Esse gesto, esse reconhecimento, aqui extrapola as fronteiras da Paraíba e reforça que tenho sido uma voz para questões importantes do setor e no debate dos grandes temas do Brasil. Eu vejo além da homenagem, muitos amigos e o estreitamento de laços que extrapolam uma ação política, temos hoje uma amizade que se consolida a cada reunião de trabalho, na tratativa de temas do setor produtivo. Eu defendo quem produz e tenho coragem de me posicionar porque defender quem você acredita é o melhor dos caminhos. Quem produz, quem rala, quem se esforça, merece ter um tratamento diferenciado, seja no agro ou noutros setores, a exemplo da desoneração da folha de pagamento, que é lei de minha autoria”, disse o senador.
Ainda segundo o homenageado, poder impactar positivamente a vida das pessoas tem sido o principal foco de sua trajetória política. “Eu sei que através da Lei do CBios, que é de minha autoria, eu dei uma importante contribuição para os produtores. E essa conquista não foi fácil, foram inúmeras reuniões, que culminaram com um acordo firmado no meu gabinete. Mas, eu me inspirei numa frase de Marco Maciel que dizia mais ou menos assim: ‘Temos que procurar naquilo que nos une e não nos que no separa, o caminho de avançar. Se queremos viver numa democracia, superar as divergências é essencial e estamos condenadosa nos entender’. E eu sempre usei muito esse conselho. E no caso da construção deste acordo do CBios, o que une as indústrias aos produtores é muito maior que o que separa. E no final de tudo, acabamos unindo também as distribuidoras”, afirmou o senador que além de autor do PL, foi o relator do PL no Senado.
Nas suas considerações finais, o homenageado agradeceu o apoio da família, da esposa Carol que estava presente na solenidade, da sua equipe de trabalho, reiterou seu compromisso com o setor produtivo e desejou um feliz Natal a todos os presentes. “Onde quer que eu esteja, o agro terá as portas escancaradas. O agro gera emprego, gera renda, paga tributos e não pode ser renegado a um segundo plano”, finalizou ele. No final do evento, todos se confraternizaram durante um coquetel.
A solenidade acontece na sede da Associação, na capital paraibana e contou com a presença de produtores, industriais da Paraíba e de outros estados do Nordeste, a exemplo do empresário Eduardo Queiroz Monteiro, do Grupo EQM, Gilvan Celso, diretor da Miriri, José Bolivar Neto, da Japungu e Bruno Tavares de Mello, do Grupo Olho D’Água, além de representantes de entidades de classe, como Paulo Leal, da Feplana, Edgar Antunes, da Asplana, Hermano Augusto Neto, da Asplan-RN, o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha e Mário Borba, da CNA e Faepa, além de prefeitos de regiões produtoras de cana da Paraíba e dos deputados estaduais, Tovar Correia Lima e George Morais.
A mesa de autoridades formada apenas para a abertura do evento foi composta pelo presidente da Asplan, José Inácio de Morais, pelo presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) e vice-presidente da Asplan, Pedro Campos Neto, pelo senador da República, Efraim Filho, pelos deputados estaduais Tovar Correia Lima e George Morais, pelo presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), Paulo Sérgio Leal, pelo presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre de Andrade Lima, pelo diretor presidente da Usina Miriri, Gilvan Celso de Morais Sobrinho, pelo presidente do grupo EQM, Eduardo de Queiroz Monteiro, e ainda pelo diretor da Japungu, José Bolivar de Melo Neto, além do presidente do Sistema Faepa/Senar e representante da CNA, Mário Borba.