A Turquia anunciou nesta quarta-feira (17) a libertação progressiva de 38 mil prisioneiros condenados por crimes cometidos até 1º de julho, ou seja, 15 dias antes do golpe de Estado frustrado no país. Aparentemente trata-se de uma tentativa de esvaziar as superlotadas prisões para abrir vagas aos detidos nos expurgos lançados após a tentativa de golpe, informa a agência de notícias France Presse.
Esta medida, que “não é uma anistia”, envolve “os crimes cometidos antes de 1º de julho”, mas não os assassinatos, atos terroristas, atentados contra a segurança do Estado, violação de segredos de Estado ou narcotráfico, anunciou o ministro da Justiça, Bekir Bozdag, pelo Twitter.
A medida exclui, de fato, qualquer pessoa detida por seu envolvimento no golpe de Estado frustrado de 15 de julho.
O ministro explicou mais tarde, em uma entrevista à rede de televisão A-Haber, que no total 99 mil pessoas podem se beneficiar potencialmente de uma libertação antecipada sob controle judicial, de uma população carcerária de 214 mil. Mas antes será realizada “uma análise de riscos” sobre os prisioneiros suscetíveis de ser soltos, acrescentou.
“Com base nesta medida, 38.000 pessoas sairão da prisão em uma primeira fase”, indicou o ministro, deixando a porta aberta a novas ondas de libertações antecipadas.
As primeiras libertações começaram nesta quarta-feira.
O governo turco acusa o pregador Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos, de ter organizado a tentativa de golpe. Ancara pressiona Washington para que extradite o ex-imã de 75 anos, para quem a procuradoria acaba de pedir duas penas de prisão perpétua e 1.900 anos de prisão.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viajará a Ancara em 24 de agosto, anunciou a Casa Branca, na primeira visita de um funcionário de alto escalão ocidental mais de um mês depois da tentativa de golpe.
A perseguição implacável de seus simpatizantes há um mês nas instituições e em todos os setores da sociedade turca enviou à prisão 35 mil pessoas, um terço das quais foram libertadas, segundo as autoridades turcas.