Às vésperas do provável anúncio da mudança da embaixada dos Estados Unidos em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o presidente Donald Trump telefonou, nesta terça-feira (5), para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e para o líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
Segundo a agência “Wafa”, Trump já avisou Abbas que mudará a sede da representação diplomática em solo israelense, decisão que pode aumentar a tensão no Oriente Médio. O líder palestino teria alertado o presidente dos EUA de que a medida representa um “perigo para o processo de paz e para a segurança e a estabilidade da região”.
Na visão da ANP, não pode existir um Estado palestino sem Jerusalém Oriental como capital. Já o governo de Israel sequer reconhece a existência desse termo e diz que só há “uma Jerusalém”.
A iminente decisão de Trump é criticada de forma quase unânime pela comunidade internacional, inclusive pela União Europeia e pela Liga Árabe, cujo secretário-geral, Ahmed Aboul Gheit, convidou Washington a evitar qualquer iniciativa “capaz de mudar o status jurídico e político de Jerusalém”.
“Estamos reunidos não para provocar sentimentos hostis, mas para alertar sobre a periculosidade deste momento”, disse Gheit, após uma cúpula extraordinária da entidade no Cairo, capital do Egito. Já o Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita exprimiu “séria e profunda preocupação” com uma iniciativa que pode “irritar os sentimentos dos muçulmanos no mundo”.
Por sua vez, a alta representante da União Europeia para Política Externa, Federica Mogherini, reafirmou que a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina passa pela “solução dos dois Estado”. “Qualquer ação que possa minar esses esforços deve ser absolutamente evitada”, ressaltou a italiana, após um encontro com o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, em Bruxelas.
O anúncio sobre a mudança da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém estava previsto para esta quarta-feira (6), mas a Casa Branca disse que a decisão deve ser comunicada “nos próximos dias”. “Não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando'”, declarou o vice-porta-voz de Trump, Hogan Gidley, confirmando a intenção do presidente.
O sistema de defesa israelense já se prepara para uma possível reação “violenta” dos palestinos, principalmente em Jerusalém. A polícia e o comando central do Exército tiveram diversas reuniões nos últimos dias, em meio às ameaças do grupo fundamentalista Hamas de iniciar uma “Terceira Intifada”, palavra árabe que significa “revolta”.
Jerusalém Oriental é considerada pela comunidade internacional como uma “ocupação” desde sua anexação por Israel, em 1967. Desde então, os EUA adotam uma posição neutra sobre o status da cidade, sem reconhecê-la como capital israelense. Com informações da Ansa.