O Vaticano divulgou novas diretrizes para seminários, permitindo que homens gays possam se tornar padres, desde que mantenham o celibato. A medida, publicada nesta quinta-feira (9) no site da Conferência Episcopal Italiana (CEI), representa um retrocesso em relação a uma instrução de 2016, que barrava seminaristas com “tendências homossexuais profundas”.
Esta mudança de postura é mais um sinal do papado de Francisco em direção à inclusão da população LGBTQIA+ na Igreja Católica, seguindo a linha de declarações acolhedoras do pontífice e decisões recentes, como a que autoriza padres a abençoarem casais do mesmo sexo e pessoas em segundas núpcias.
No entanto, essa medida não reconhece o casamento gay dentro da Igreja. O documento publicado pela CEI determina que a orientação sexual de um seminarista deve ser considerada durante o processo de formação, mas apenas como um dos diversos aspectos a serem avaliados.
O texto afirma que, ao tratar de questões homossexuais, a análise não deve se limitar a esse único fator, mas compreender seu significado no contexto geral da personalidade do jovem. “É adequado que a avaliação não se reduza apenas a este aspecto, mas sim busque entender seu significado em toda a estrutura da personalidade do jovem”, explica o documento.
A nova normativa foi aprovada pelo Vaticano em novembro e já está em vigor, com previsão de ser reavaliada em três anos. Apesar das mudanças, o Papa Francisco se envolveu em uma polêmica em maio do ano passado, quando vazaram declarações suas sobre gays em seminários.
O pontífice teria afirmado que os seminários já estariam “cheios de viadagem”. Esse comentário gerou controvérsias, especialmente considerando a postura geralmente acolhedora de Francisco em relação à comunidade LGBTQIA+. Em janeiro de 2023, o papa reiterou sua posição sobre a homossexualidade, afirmando que não é crime, mas é pecado, durante uma entrevista à agência Associated Press.
O papa ainda pediu o fim das leis que criminalizam a orientação sexual em diversas partes do mundo, declarando: “Ser homossexual não é crime. Sim, mas é um pecado. Tudo bem, mas primeiro vamos distinguir um pecado de um crime.”
O pontífice também criticou lideranças católicas em algumas regiões do mundo que ainda apoiam leis contra a homossexualidade, sugerindo que essas lideranças precisam de um processo de conversão e devem agir com ternura, como Deus tem por cada um de nós.
DCM