O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira (11) ter informações de que existem planos de novos ataques químicos na Síria com o intuito de enquadrar o regime do ditador Bashar al-Assad.
“Temos informações de várias fontes de que uma provocação semelhante está sendo preparada (…) em outras partes da Síria, inclusive na periferia ao sul de Damasco, onde pretendem plantar novamente alguma substância e acusar as autoridades sírias de usar [armas químicas]”, disse Putin a repórteres, sem oferecer provas.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou bombardeios contra a base aérea de Al Shayrat, na Síria, de onde supostamente teriam saído os aviões que conduziram um ataque químico que matou mais de 80 pessoas no nordeste do país. Foi a primeira vez que os EUA atacaram alvos do regime sírio desde o início da guerra civil no país, há mais de seis anos.
Os EUA acusaram o regime sírio de ter conduzido os ataques químicos. Enquanto isso, a Rússia, principal aliada de Assad, responsabilizou grupos rebeldes pelo ataque e criticou duramente os bombardeios americanos.
“Isso me lembra dos eventos de 2003, quando os enviados dos EUA para o Conselho de Segurança [da ONU] estavam mostrando que armas haviam sido encontradas no Iraque”, afirmou Putin. “Nós já vimos isso antes.”
As alegações de uso de armas químicas foram usadas pelo governo do então presidente George W. Bush como pretexto para invadir o Iraque e derrubar o ditador Saddam Hussein. Porém, nunca foram encontradas provas de que o regime iraquiano de fato possuía armas de destruição em massa.
Putin também afirmou que pedirá à ONU para conduzir uma investigação independente sobre os ataques químicos na Síria. Segundo o general russo Sergei Rudskoy, a Síria concordou em permitir que uma equipe internacional vistorie a base de Al Shayrat em busca de vestígios de armas químicas.
As declarações de Putin foram feitas pouco antes da chegada do secretário de Estado americano, Rex Tillerson, a Moscou, onde os dois se reunirão. O encontro deve ser marcado pelo atrito entre os dois países com relação à guerra na Síria. Mais cedo, Tillerson havia criticado o apoio da Rússia ao regime sírio, dizendo que “o reino da família Assad vai acabar” e que o governo russo deve escolher de qual lado estará.
A atitude belicosa dos EUA contra Assad verificada após os ataques químicos da semana passada representa um giro na política externa do governo Trump, que até então vinha declarando que sua prioridade na Síria era combater a facção terrorista Estado Islâmico em vez de substituir o regime. Com informações da Folhapress.