BRASÍLIA – Um dia depois de divulgar uma nota condenando os atos de violência contra uma comitiva de oito senadores brasileiros que se encontrava em Caracas para visitar os presos políticos, o Itamaraty decidiu agir em duas frentes na manhã desta sexta-feira. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, telefonou para a chanceler da Venezuela, Delcy Rodriguez, para pedir explicações sobre o ocorrido; e o secretário-geral do órgão, Sergio Danese, convocou a embaixadora venezuelana em Brasília, Maria Lourdes Urbaneja, com o mesmo fim.
Não há previsão, pelo menos por enquanto, de se chamar de volta o embaixador brasileiro na Venezuela, Ruy Pereira. Tudo vai depender dos esclarecimentos a serem prestados pelo governo daquele país.
— A chamada de um embaixador, ou qualquer pedido de esclarecimento é, sim, uma insatisfação — disse um porta-voz do Itamaraty.
A versão dos senadores de que haviam sido abandonados pela embaixada brasileira em Caracas foi rechaçada pelo Itamaraty.
Esse porta-voz assegurou que o governo do Brasil prestou o apoio devido à comissão de parlamentares.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a ajuda incluiu: a cessão de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB); a obtenção de autorização de sobrevoo e pouso; a presença do embaixador brasileiro no aeroporto; e o apoio logístico aos senadores, que tiveram uma Van à sua disposição; e o pedido de acesso à penitenciária de Ramo Verde, que teria sido aprovado.
De acordo com o Itamaraty, a programação da visita ficou a cargo da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Já estava acertado que Pereira não participaria da visita ao presídio. Por isso, ele entrou em outro carro, que estava à frente da Van, no trajeto até Caracas. Na capital, os dois veículos se separariam.
— O embaixador também ficou no engarrafamento e manteve permanentes contatos telefônicos com a comitiva de senadores. Com a confusão, o embaixador voltou com os parlamentares ao aeroporto que, portanto, não estavam sozinhos — disse a fonte diplomática.
Por Eliane Oliveira