Deveria ter sido um clássico equilibrado, disputado, brigado e todos os demais predicados que jogos assim nos apresentam. Bem, de fato, foi. Mas só até os 24 minutos. De resto, o 3 a 0 do Brasil sobre a Argentina, que deixa o time de Tite na liderança das Eliminatórias e os rivais na sexta posição – fora até da zona de classificação –, apresentou a diferença que faz a organização de uma equipe e a capacidade de decisão de seus craques.
Porque, por incrível que pareça, o começo da partida teve uma Argentina dominante e um Brasil reativo, esperando o adversário decidir o que faria. A posse de bola chegou a ser de 90% a 10% nos 15 primeiros minutos. Messi parecia importunar o time brasileiro, a ponto de Fernandinho levar um cartão amarelo aos cinco.
Então, como explicar que o Brasil abriu 2 a 0 no primeiro tempo sem estar jogando melhor do que a adversária? Bem, começamos mostrando que Alisson não é Romero e Philippe Coutinho não é Biglia. Em menos de dois minutos, isso tudo ficou exemplificado.
Aos 22, o meia argentino apanhou um rebote de fora da área, bola quicando. Sem titubear, deu uma pancada, que voava em direção ao ângulo de Alisson. O goleiro da Roma, então, saltou, esticou os braços e espalmou para fora. Pouco depois, Neymar apresentou uma nova parte de seu repertório, normalmente composto por dribles, velocidade e conclusão. Ele recebeu, pela esquerda, e de primeira encontrou Philippe Coutinho, quebrando a marcação. Coutinho partiu para cima da marcação, passou por um e, de fora da área, também chutou no ângulo. A diferença: seu chute foi mesmo indefensável. E Romero não teve a mesma perícia (ou sorte, vá lá) de Alisson para impedir o golaço.
A partir daí, o jogo equilibrado parecia ir ao vestiário com a vantagem mínima. Até Gabriel Jesus pegar uma bola de costas para o gol, ganhar na força e na técnica de seu futuro colega de Manchester City Otamendi e entregar para Neymar. Então, por favor, imaginem a cena: Neymar arrancando da esquerda para a direita, a pelo menos 10 metros de distância dos argentinos, entrando na frente do goleiro com tempo e espaço suficientes para erguer a cabeça e enxergar um Romero apavorado, já prevendo que vai buscar a bola dentro do gol. Tinha razão, foi mesmo.
No segundo tempo, tudo mudou. Porque além de ampliar a vantagem, o time de Tite passou a jogar muito melhor. Teve o terceiro gol à feição de Paulinho aos sete, mas após ganhar na raça uma dividida e driblar o goleiro, não percebeu que Mascherano chegava a tempo de salvar em cima da linha. Aos 13, porém, transformou a oportunidade em gol. Paulinho estava na área quando o cruzamento de Renato Augusto o encontrou pronto para chegar aos 3 a 0.
Sem desrespeitar os adversários, o Brasil seguiu atacando. Em nenhum momento, passou a tocar bola para irritar os argentinos. Sempre buscando o gol, não ampliou porque Neymar tentou driblar Romero, mas saiu pelo lado errado. Porque Gabriel Jesus deu um chapeuzinho em Funes Mori, mas não conseguiu completar para o gol. E porque Firmino chegou meio milésimo de segundo atrasado em cruzamento de Renato Augusto.
Tanto faz. O Brasil goleou. E agora o Mineirão não é mais só o “palco do 7 a 1”. É, também, o palco da goleada sobre a Argentina.
BRASIL 3X0 ARGENTINA
BRASIL
Alisson; Daniel Alves, Miranda (Thiago Silva, 41’/2ºT), Marquinhos e Marcelo; Fernandinho, Paulinho e Renato Augusto; Philippe Coutinho (Douglas Costa, 39’/2ºT), Gabriel Jesus (Firmino, 36’/2ºT) e Neymar.
Técnico: Tite
ARGENTINA
Romero; Zabaleta, Otamendi, Funes Mori e Mas; Biglia, Mascherano, Pérez (Agüero, int) e Di María (Correa, 26’/2ºT); Messi e Higuaín.
Técnico: Edgardo Bauza
Gols: Philippe Coutinho (B), aos 24, e Neymar (B) aos 46 minutos do primeiro tempo; Paulinho (B), aos 13 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Fernandinho (B); Otamendi, Funes Mori e Biglia (A).
Público: 53.490 / Renda: R$ 12.726.250,50
Arbitragem: Julio Bascuñán, auxiliado por Christian Schiemann e Raul Orellana (trio chileno).
Local: Estádio Mineirão, Belo Horizonte.
PRÓXIMO JOGO – ELIMINATÓRIAS
PERU X BRASIL
Quarta-feira, 16/11/2016, 0h15min