A atriz Cláudia Abreu, 48, aumentou o coro de celebridades que usaram as redes sociais para refletir e protestar contra o médium João de Deus, acusado de abuso sexual por centenas de mulheres nas últimas semanas. “Sempre fui arredia às redes sociais, mas não posso deixar de falar sobre assédio”, afirmou ela.
Abreu afirmou em sua conta no Instagram que já esteve duas vezes na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde o médium faz os atendimentos, e afirma que sempre foi bem tratada, tendo sido convidada para segurar os instrumentos das cirurgias diante de uma multidão, o que acabou fazendo a contragosto.
“Lá ficávamos todos vulneráveis. Ao mesmo tempo, isso me obrigava a legitimar alguém que eu mal conhecia”, afirma atriz, que continua: “Refletindo sobre esse meu desconforto, pensei nas inúmeras mulheres fragilizadas que foram convidadas a ir pra uma sala fechada e também foram obrigadas a fazer algo que não queriam.”
A atriz avalia que poderia ter recebido outro tratamento se não fosse conhecida. “Levei minha filha, então com treze anos, e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida. Isso me estarreceu. Porque isso toca num lugar muito mais profundo, que é a descrença no ser humano, na bondade, na caridade.”
As denúncias contra João de Deus ganharam força no dia 7 de dezembro, quando o programa Conversa com Bial (Globo) mostrou entrevistas com mulheres que afirmam terem sido abusadas durante consulta com o médium. Depois da exibição, outras mulheres se apresentaram, o que levou a prisão dele no último dia 16.
O médium nega todas as acusações. Antes de se entregar à polícia, ele afirmou, durante uma de suas poucas aparições após as denúncias que “quer cumprir a lei brasileira”. “Ainda sou irmão de Deus. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da lei. João de Deus ainda está vivo”, afirmou a fiéis.
OUTRAS MANIFESTAÇÕES
A atriz Bruna Lombardi, 66, também já falou sobre sua visita a Abadiânia e sobre o impacto das denúncias que vieram depois: “Dói pensar que foi preciso quinhentas mulheres pra calar a voz de um homem. Dói pensar num sistema conivente que fragiliza a tal ponto a posição da mulher, que ela se recolhe, com dor e vergonha”.
Também já se manifestaram sobre o caso as apresentadoras Oprah Winfrey, 64, e Xuxa, 55. “Infelizmente eu me enganei, e me enganei feio. Então estou vindo aqui para pedir desculpas a você, porque já divulguei o documentário dele, falei que ele era uma pessoa legal. Estou até um pouco envergonhada”, disse a brasileira.
A atriz Camila Pitanga, 41, era frequentadora do centro de João de Deus e afirmou, pelo Instagram, estar indignada e perplexa. “Ainda estou digerindo os depoimentos contundentes. Nos últimos anos frequentei a Casa e, mesmo não tendo nada de negativo a relatar, o caso me choca com o crescente número de acusações”, afirmou.
“Como mulher, desejo que as investigações não cessem e contribuam para o fim de casos como este”, continuou a mensagem da atriz. “Queria deixar minha solidariedade às mulheres que, corajosas, trouxeram à luz esses acontecimentos inadmissíveis. Vocês não estão sozinhas. Com todo o meu amor.”
A jornalista Maria Cândida, 47, também frequentadora da Casa Dom Inácio de Loyola, afirmou estar “horrorizada”. “É muito mais do que covardia. Eu já estive lá, o conheci pessoalmente num momento em que eu buscava transformação e me ajudou muito ter estado lá. Mas esse abuso não pode existir”, afirmou nas redes sociais. Com informações da Folhapress.