Ontem presenciei um excelente exemplo de superação em grupo. Era como se todos estivessem pensando a mesma coisa, assim, por exemplo: “Não tenho o que reclamar da vida, pois, a única coisa que me falta é a visão”!
Esse memorável momento se deu na casa do nosso amigo Dr. Adeilson Nunes, juiz de direito aposentado da comarca de Rio Tinto, o qual, após ser acometido de deficiência visual, chamou o feito à ordem (como se diz na linguagem jurídica), e encarou o problema, tomando uma série de providências capazes de suprir sua deficiência.
A primeira delas foi conhecer e aprender o sistema de linguagem escrita com o tato, inventado pelo francês Louis Braille, nos longínquos anos de 1827. O alcance desse recurso o habilitou ao exercício da escrita e da leitura.
Ainda na conformidade do seu projeto, comprou um conjunto de equipamentos para a prática de alguns exercícios físicos, o que, além de combater a ociosidade diminuiria os riscos de adquirir doenças, bem como, seria bom para a saúde mental.
Outra importante medida, também de sua própria iniciativa, foi comprar uma sanfona, procurar o excelente profissional Walter Cabaceira (sanfoneiro do forrozeiro Amazan), a fim de receber as orientações necessárias de como executar as primeiras notas musicais. Aprendeu rápido e já está mandando ver (tocando e cantando), o que tem mexido com sua autoestima e lhe proporcionado alguns momentos de incontida emoção.
Ontem, por exemplo, ele recebeu em sua casa a visita de um grupo de sete jovens, todos deficientes visuais, “companheiros de luta”, sendo quatro de João Pessoa e três de Fortaleza. Admiráveis moças e rapazes, inteligentes e cultos, a maioria composta de músicos. Um deles, inclusive, o Junior Baiano é o atual professor do Dr. Adeilson nessa área musical. Outro, o simpático Gilson Pereira, é seu professor de informática.
Nesse encontro de ontem, com a participação de Zezinho do Sindicato no triângulo, Leozinho meu neto na sanfona, Dr. Adeilson (tocando e cantando), os sanfoneiros Valter Cabaceira e o maestro Júnior Baiano, eles nos brindaram com inesquecível espetaculo, ao vivo e à cores, todos sintonizados numa mesma alegria.
Por Sebastião Gerbase (Basinho)