Como alguns bem sabem, sou historiador, professor a quase 20 anos e, como bom historiador que considero ser, venho a muitos meses analisando a situação de nosso país, essa verdadeira crise institucional em que vivemos, isso mesmo, INSTITUCIONAL, pois nossa crise não é apenas financeira ou política ou segurança ou moral, considero que seja um emaranhado de situações.
Acompanho as notícias e, muitos se perguntam, por onde andam os manifestantes de 2013, 2014, 2015, 2016. Pois é, também me faço, as vezes, a mesma pergunta, mas esse ano teremos a grande oportunidade de fazermos a diferença, pois esse ano é ano de eleições, vamos mudar, vamos dar chance ao novo ou teremos um pouco mais do mesmo dos últimos anos. Mas é aí, que considero o grande problema. Através das redes sociais acompanho os gladiadores defensores de Lula, Dilma, Bolsonaro, Ciro, cada um defendendo com fúria as suas convicções e, por conta disso não acrescentam nada de positivo ao debate. Meu medo é que a população, descrente da classe política, fique à mercê de aproveitadores, e não façam a analogia correta de quem seria o melhor nome para comandar a nação. Quem poderia nos auxiliar nessa decisão poderia ser a imprensa, mas infelizmente vivemos em um país onde a imprensa sofre da parcialidade, ora defendendo interesses próprios, hora dando vazão a própria ideologia política, sendo assim, incapaz de dar um tratamento isonômico as opções de candidatos e, por assim, auxiliar a população a tomar uma decisão.
Mas digamos que DEUS ilumine a cabeça dos eleitores, preencham todos com uma grande onda de discernimento e sabedoria e escolhamos o candidato ideal. Finalmente o Brasil poderá caminhar, retornar aos trilhos, voltar a se desenvolver, certo? errado, mas como assim errado, elegemos o Presidente ideal, o que pode dar errado? Direi a vocês, o problema está no Congresso Nacional. Todo Governo Executivo depende do auxílio do Legislativo para governar, a famosa GOVERNABILIDADE, é aí onde o bicho pega, pois o sistema é bruto, implacável, a prova disso é que o nosso país é uma República desde 1889, mas tivemos dois períodos ditatoriais, que foram a Era Vargas e o Regime Militar, somos verdadeiramente democráticos apenas desde 1988. Então, onde estou querendo chegar? Simples, de república temos 129 anos de República e apenas 30 anos de democracia, então somos jovens nesse jogo democrático e, devido a esse e diversos outros fatores, ainda não aprendemos a votar, pois muitos de nós consideram os votos de Deputado Estadual, Federal e Senador os mais banais a serem dados, quando são os mais importantes, pois os mesmos interferem diretamente em nossos destinos, a prova está aí, reforma da previdência, reforma trabalhista, tudo feito sem haver um debate real com a sociedade. Pegando apenas os nossos últimos 30 anos, tivemos seis Presidentes, dos seis, dois foram impedidos, sofreram Impeachment, Collor e Dilma, se analisarmos friamente, eles dois só foram cassados por que perderam o apoio do Congresso, os outros quatro conseguiram a tal GOVERNABILIDADE e concluíram seus respectivos mandatos, mas a que preço? Itamar, FHC, Lula e agora Temer, possuíram e possuem escândalos de corrupção em seus governos, considerados por alguns, até mais graves que os dos dois que foram cassados, e aí?
Diariamente assistimos as manobras do atual Governo para conseguir aprovar as reformas propostas no Congresso, onde enxergamos que existem uma troca de favores de ambos os lados. Uma reportagem de alguns meses atrás, mostrava que um Deputado Federal do Estado de Pernambuco, do PSDB possuía cerca de 12 Milhões de Reais em emendas Parlamentares, desses 8 milhões de Reais estavam empenhadas e não pagas, simplesmente por ele ser um dos críticos ao atual Governo, em comparação a outro Deputado Federal, da base do Governo, possuía cerca de 15 milhões de Reais em emendas Parlamentares, com um saldo de apenas 3 milhões de Reais empenhadas e não pagas.
Exemplo da forma que o Governo age para conquistar a tal GOVERNABILIDADE. Anos atrás, o então Senador da República, do PMDB do Estado de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, em um discurso na tribuna do Senado, chamou os colegas Parlamentares de corretores de verbas públicas, o que gerou na época um grande constrangimento entre os pares. Mas é a pura realidade, esse tipo de sistema funciona nos três níveis do executivo, seja municipal, estadual ou federal, a relação com suas respectivas casas legislativas são dessa forma, toma lá, dá cá, dando espaço para a corrupção e desmandos que acompanhamos constantemente.
Estamos em 2018, eleições para Governador, Deputado Estadual, Deputado Federal e Senador, temos que analisarmos friamente o perfil de cada um, para Federal e Senador não tenho a mínima vontade de votar em quem já está lá, salva-se raríssimas exceções, no âmbito estadual temos boas opções que realmente trabalham em benefício da população.
Tenho me preocupado muito, pois os prognósticos não parecem favoráveis, pois o sistema é forte, é bruto e muitíssimo esperto e adaptável as mais diversas situações. Mas tenho a esperança de que o povo acordará e enxergará que o verdadeiro poder está em suas mãos.