Interessante, lendo um pouco sobre a carreira artística do Rei do Baião, chamou-me atenção uma de suas passagens ao programa do Ary Barroso.
Luiz, enquanto tocava valsas, tangos, fados, sambas e outros do exterior, amargava notas baixíssimas nos calouros que participava. Porém, em uma de suas apresentações, um grupo de estudantes cearenses chamou-lhe a atenção para o erro que estava cometendo: por que não tocava músicas de sua terra, músicas do Sertão Nordestino.
Num certo dia, no programa do grande Ary Barroso, Gonzaga recebera calorosos aplausos pela execução do “Vira e Mexe”, música de sua autoria, proporcionando ao até então desconhecido Rei do baião, o seu primeiro contrato pela Rádio Nacional, no Rio de Janeiro.
Não deu outra, o Pernambucano recebeu nesta oportunidade, nota máxima no programa. Concluo que, a originalidade no desempenho de qualquer função é por deveras importante. Enquanto Luiz queria seguir a moda, acredito que, para ‘agradar’ os sulistas, sua real identidade e potencialidade não era revelada. No dia em que decidiu ser o que era, cantar e tocar as suas raízes, a sua cultura; houve de fato, o nascimento de uma singularidade musical.
Como diz Os Nonatos: “quem muda o caráter, muda a consciência. É essencial manter a essência”, pelo menos na música. Viva o São João, viva a todos os artistas e grupos musicais que, até hoje, perpassa e sobrevive com seu estilo único e particular, de cantar o Nordeste, o Sertão, e sua cultura.