1.
Estou perdendo meu tempo
Nesses conselhos que dou;
Mas dei conselho a prefeito,
A vice e a vereador;
Só falta a deputado,
À câmara alta, ao senado,
E ao próprio governador.
2.
Antes, porém, resolvi
Dirigir-me ao candidato,
Que, no jogo da política
É o “atleta” de fato;
Que despreza o “treinador”
Prefere o bajulador
E é do antigo ao novato.
3.
A ele faço convite:
Se quiser pedir meu voto,
Pode vir na minha casa
Que a gente até tira foto;
A família me acompanha,
E o dinheiro da campanha
Eu nem lhe tiro nem boto.
4.
Sou um eleitor carente,
Como qualquer brasileiro,
De pessoas na política
Que a honra venha primeiro;
Que não cultive a desgraça,
E pelo menos não faça
Da política um picadeiro.
5.
Minhas portas tão abertas,
Olhos e ouvidos – enfim…
Sinta-se meu convidado;
Tratá-lo-ei sempre assim:
Serei o último a falar,
E posso lhe adiantar
Que nada quero pra mim.
6.
Vou só prestar atenção
Enquanto o papo rolar;
Minha curiosidade
É que vai me orientar;
E pra que tudo dê certo,
Não se faça de esperto
Procurando me enganar.
7.
Se for pra conversa mole,
É preferível não vir;
Tapinhas, beijos, abraços,
Contar piada e mentir
Não estão nesse projeto;
O meu convite é concreto;
Não é pra nos divertir.
8.
Se tem contas reprovadas
Pelos órgãos competentes,
Se a ficha está bichada
Pelos maus antecedentes,
Honestamente, não dá!
Eu prefiro me arriscar
Votando nos concorrentes.
9.
Se algum dia foi citado
Na operação lava jato,
Eu vou logo lhe avisando
Na forma de ultimato:
Desculpe a minha franqueza:
Você, com toda certeza!
Não será meu candidato.
10.
Se tem processo rolando
Na lentidão da justiça,
Se o discurso é inconsistente
Feito areia movediça,
Se tiver renunciado
Com medo de ser cassado
Não rezam na minha missa.
11.
Se já exerceu mandato
E mostrou-se incompetente,
Se tirou licença médica
Em conluio com o suplente,
Mesmo estando com saúde,
Isso não é atitude
Para um político decente.
12.
Preguiçoso, desonesto
Ou político de carreira,
Se vier pedir meu voto
Vai levar uma rasteira.
Pra sua decepção
Vou votar por exclusão
E lhe jogar na lixeira.
Por Sebastião Gerbase (Basinho)