
Embora a aterosclerose (presença de gordura nas artérias) se manifeste clinicamente no meio e no final da idade adulta, sabe-se que ela tem uma longa fase assintomática de desenvolvimento, que começa cedo na vida, frequentemente durante a infância. Na maioria das crianças, as alterações vasculares ateroscleróticas são pequenas e podem ser minimizadas ou evitadas com um estilo de vida saudável. No entanto, em algumas crianças, o processo é acelerado devido a fatores de risco ou doenças específicas.
A identificação de crianças com risco de aterosclerose pode permitir intervenção precoce para diminuir o processo aterosclerótico, prevenindo ou retardando doenças cardiovasculares (DCV), como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica.
No início tem-se uma inflamação na camada interna das artérias. Em resposta a ataques diversos e variados, devido à presença de alguns microorganismos, à falta de oxigênio e um excesso de colesterol ou de açúcar, as células que revestem a parte interna dos vasos sanguíneos solicitam o auxílio das células brancas que circulam no sangue. Por conseguinte, sua ativação desencadeia uma série de reações inflamatórias, até entupir totalmente as artérias. Ao aderir, primeiramente na parede dos vasos sanguíneos e infiltrando-se, estes glóbulos brancos chamados macrófagos, fazem o papel de “catadores de lixo” e limpam as artérias. Mas devido muito trabalho, eles são incapazes de encará-lo.
Assistidos por outra categoria de glóbulos brancos, os linfócitos, eles começam então a secretar moléculas que mantêm a inflamação e criam lesões. Trata-se das placas de ateroma. Estrias gordurosas podem ou não progredir e podem regredir. Em algumas pessoas, o acúmulo de lipídios (gorduras) é mais pronunciado com o tempo, e o lipídio acumulado fica coberto por uma capa fibromuscular para formar o que é chamado de placa fibrosa. Temporalmente, entre a estria gordurosa e a placa fibrosa, existem estágios transicionais de aterosclerose que não são identificáveis apenas pelo exame macroscópico. Com o tempo, as placas fibrosas aumentam e sofrem calcificação, hemorragia, ulceração ou ruptura e trombose.
A oclusão trombótica (trombo) precipita doença clínica, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou gangrena, dependendo de qual artéria é afetada.
Por Valério Vasconcelos