As inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) iniciaram às 10h desta segunda-feira (7). Em pouco mais de uma hora após a abertura do sistema, 192 mil pessoas já se inscreveram para participar das provas -cerca de 2.000 por minuto.
Os candidatos terão até as 23h59 do dia 18 de maio para se inscrever pela Página do Participante, no site do Inep (órgão federal responsável pela seleção). A expectativa do Ministério da Educação é que 7,5 milhões de pessoas se inscrevam para o exame neste ano.
O formato de inscrições, no entanto, apresenta algumas mudanças. Neste ano, participantes que se enquadram nas regras de gratuidade tiveram até o dia 15 de abril para solicitar a isenção da taxa de inscrição. Já o período de recursos foi até 29 de abril.
Ao todo, 3,3 milhões de pessoas que solicitaram o direito de não pagar para fazer as provas tiveram o pedido aprovado, segundo balanço divulgado pela pasta.
Outras 457 mil tiveram o pedido de isenção negado por ausência de documentos comprobatórios -caso daqueles que solicitaram a gratuidade no último ano, mas faltaram às provas e não apresentaram justificativas.
É a primeira vez que o Inep antecipa os pedidos de isenção e exige justificativa de ausência para os participantes isentos que faltaram aos dois dias de prova no último ano.
Segundo o ministro da Educação, Rossieli Soares, a medida ocorre para evitar desperdícios -o governo estima um prejuízo de até R$ 962 milhões nos últimos anos devido à ausência de participantes.
CUSTO
Após essa etapa, mesmo aqueles que obtiveram a isenção devem fazer as inscrições a partir desta segunda, já que a aprovação não garante a participação no exame.
O custo da inscrição neste ano é de R$ 82, mesmo valor de 2017. O pagamento pode ser feito até 23 de maio em agências bancárias, nos Correios ou em lotéricas.
O exame acontece em 4 e 11 de novembro, dois domingos. No primeiro dia, as provas serão de redação, ciências humanas e linguagens, com tempo de cinco horas e meia.
No segundo dia, os candidatos terão cinco horas para completar as questões de matemática e ciências naturais, meia hora a mais do que no ano passado.
Após acessar o site de inscrições, os candidatos devem gerar a GRU para pagar a inscrição. Quem tiver problemas para gerar o documento deve trocar de navegador, informa o Inep.
A nota obtida nas provas é o principal meio de acesso dos estudantes às universidades públicas do país.Para acompanhar as informações sobre o exame, os candidatos podem baixar o aplicativo para celular Enem 2018, que está disponível gratuitamente no Google Play e na App Store.
SEGURANÇA
Além das mudanças nos pedidos de isenção, o Ministério da Educação também tem dialogado com a Polícia Federal para aperfeiçoar e aumentar a identificação de ponto eletrônico, afirma a diretora de gestão e planejamento do Inep, Eunice Santos.
“Queremos alterar a tecnologia que usamos no ano passado. E com isso teríamos um aparelho que tem uma precisão melhor e com uso mais fácil de aplicar”, afirma.
A declaração ocorre dias após um levantamento inédito da Folha de S.Paulo constatar alta probabilidade de ter havido fraude em ao menos 1.125 provas do Enem. São provas com padrão de respostas tão semelhantes entre si que, estatisticamente, seria improvável que não tenha havido algum tipo de cópia.De acordo com o modelo estatístico utilizado no estudo, a chance de serem semelhantes devido ao acaso é de no mínimo 1 em 1.000. Ou seja, seria necessário repetir o exame mil vezes para que duas provas, sem interferência, fossem tão parecidas como os gabaritos suspeitos.
Segundo a presidente do Inep, Maria Inês Fini, o instituto já pediu à Polícia Federal o apoio de técnicos para averiguar o caso. “Já pedimos à Polícia federal que designe para nós alguns técnicos, e à Associação Brasileira de Avaliação Educacional que designe uma comissão de estatísticos para vir ao Inep”.
Fini diz ainda que deve solicitar um encontro para a Folha de S.Paulo apresentar o estudo completo. “Conhecemos o autor do método e interagimos com ele. Teremos uma reunião importante em Juiz de Fora para analisar métodos estatísticos para combater fraudes em exames”, afirma. “Os pesquisadores estão bastante atentos a isso e há interesse do Inep em conhecer o estudo.”
Após a publicação da reportagem, o Ministério Público Federal no Ceará pediu ao Inep que investigue a possibilidade de que o Enem tenha sido fraudado. Questionado nesta segunda, o ministro Rossieli Soares afirma que o estudo aponta “probabilidade” e que trabalha em conjunto com a Polícia Federal para identificar fraudes.
“Tivemos recentemente com o diretor da PF tratando do Enem. Todos os casos [de suspeita de fraude] que chegarem e forem comprovados serão encaminhados à PF que deve tomar providências”, disse.De acordo com Soares, a pasta tem feito esforços para melhorar a segurança e o conforto dos alunos durante o exame nos últimos anos. Com informações da Folhapress.