O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, garantiu hoje (23), ao comentar o Relatório de Inflação do quarto trimestre, que as ações de política monetária levarão o índice para o centro da meta (4,5%) em 2016. A meta de inflação estabelecida pelo governo é 4,5% e pode variar dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Segundo Araújo, o papel da política fiscal é “subsidiário”, mas cria um ambiente que permite reflexos aos preços. Ele avaliou ainda que uma política de contenção dos gastos públicos ajudará o governo a atingir seus objetivos. A futura equipe econômica, que assume a partir de janeiro, já sinalizou que não vai medir esforços para obter superávit primário – economia para o pagamento de juros da dívida pública – de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015, além buscar maior crescimento econômico.
O Relatório de Inflação do quarto trimestre mostra que o BC estima em 0,2% o crescimento da economia para este ano. Para o PIB, a previsão é 0,5 ponto percentual abaixo da estimativa considerada no Relatório de Inflação anterior e de 0,6% para o acumulado em quatro trimestres até setembro de 2015, informou o BC. O PIB é a soma de todas as riquezas do país.
No que se refere ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o BC projeta inflação de 6,4% em 2014, 6,1% em 2015 e 5% em 2016. Os dados levam em conta o conjunto de informações disponíveis até 5 de dezembro deste ano, o cenário de referência, que pressupõe a manutenção da taxa de câmbio em R$ 2,55 para cada US$ 1 e a meta para a taxa Selic [taxa básica de juros] em 11,75% ao ano.
O relatório destaca ainda que, no cenário de mercado, que incorpora dados da pesquisa feita pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais, as projeções indicam inflação de 6,4% em 2014, 6,% em 2015 e 4,9% em 2016.
Para manter a inflação sob controle, o BC reforça a posição do Comitê de Política Monetária. O comitê tem defendido que, em momentos como o atual, “a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos 12 meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária. Nesse sentido, o comitê irá fazer o que for necessário para que, no próximo ano, a inflação entre em longo período de declínio, que a levará à meta de 4,5% em 2016”.
O BC evitou, no entanto, usar o termo “parcimônia”, usado pelo Copom nos comunicados. Segundo Carlos Hamilton, a palavra usada pelo comitê é uma palavra “código como as outras na comunicação do Banco Central” . Segundo ele, cumpriu o papel esperado no Copom naquele momento. “Utilizamos essa palavra, mas hoje a mensagem é outra. Para onde a Selic vai, eu não sei. O Copom vai decidir isso ao longo do tempo para colocar a inflação na meta em 2016. Qualquer coisa que eu fale é mera especulação”, declarou.